segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Valor intrínseco e extrínseco...

Há algum tempo atrás responder a essas questões seria talvez bastante provável e possível. Hoje ao invés de responder, nos colocamos mais e mais questões e perguntas a esse respeito. Mudaram os paradigmas que nos norteavam que nos guiavam e possibilitavam "algum acerto" acerca do que seria ou não arte. Não temos mais sólidas referências como no passado, ao contrário nos movemos em terreno movediço, nossos parâmetros não existem mais. Mudaram os códigos de leitura das obras, e hoje temos diferentes códigos para diferentes artistas.
Isso nos leva perigosamente a um pensamento simplista: em arte atualmente vale tudo, daí a dificuldade de leitura, pois existem tantos códigos quantos artistas e proposições. Mas, eu proporia a seguinte questão: onde vale tudo, nada vale. Ou seja, nada tem valor. E esta é uma questão importante quando nos fazemos perguntas a respeito de obras de arte. Então eu traria a seguinte proposta: o valor de uma obra estaria ligado ao seu corpo poético, o equivalente ao corpo espiritual. 
Teríamos o corpo físico da obra, seu aspecto concreto, a matéria da qual é formada e sua configuração e dinâmica no espaço. E teríamos o corpo poético da obra, qual um sopro de vida, seu fluxo e refluxo, sua vibração no mundo, sua potência. Muitas obras nos fazem a proposta de existirem efemeramente, mas seu corpo poético permanece vibrando mesmo após desaparecerem fisicamente. Lembro de Hélio Oiticica e de seus parangolés, suas performances. 
Ligia Clark e seus objetos sensoriais, suas manipulações in loco no próprio “espectador” de sua obra.  Talvez a muitas obras falte esse corpo poético que dá substância e essência a elas e resta tão somente a inexpressiva máscara da aparência. 
Talvez...  Atualmente é difícil - mesmo para um crítico ou curador - posicionar-se efetivamente a respeito de muitas obras, pois como foi mencionado, nossos conceitos são frágeis e efêmeros, assim como nosso estar no mundo. Talvez com o passar do tempo é que poderemos ver o que restou desse período, não só fisicamente no sentido das obras que permanecerem, mas até mesmo em termos de conceitos, propostas e do valor qualitativo das mesmas.

Mônica - 
Artepensando

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