sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Queimando...


O coração era tão real que era difícil acreditar que eu o estava
imaginando.
Fervendo. Desconfortavelmente agora. Muito quente. Muito, muito mais
quente. Como se tivesse segurado ferro fervente - minha resposta automática
foi largar a coisa chamuscante dos meus braços. Mas não havia nada em meus
braços. Meus braços não estavam ligados ao meu pescoço. Meus braços eram
coisas mortas, largadas em algum lugar ao meu lado. O coração estava dentro
de mim.
A queimação aumentou - aumentou e chegou ao ponto máximo e então
aumentou até certo ponto que ultrapassava a tudo que eu já havia sentido. Eu
senti a pulsação atrás do fogo em meu pescoço, e percebi que eu havia achado
meu coração novamente, desejando nunca ter o encontrado. Desejando que a
escuridão me abraçasse enquanto eu ainda tinha a chance. Eu queria erguer
meus braços e arrancar meu coração de dentro do peito - qualquer coisa que
causasse tal tortura. Mas eu não podia sentir meus braços, não podia mover
nem um dedo sequer.
James quebrando minha perna em baixo de seu pé. Aquilo não era nada.
Aquilo era um lugar confortável em uma cama feita de penas. Eu preferia
aquilo agora cem vezes mais. Cem vezes ser quebrada. Eu preferiria e seria
grata.
O bebê, quebrando minhas costelas, me quebrando pedaço por pedaço para
abrir caminho. Aquilo não era nada. Aquilo era flutuar em uma piscina de
água gelada. Eu preferiria mil vezes. E seria muito grata.
O fogo ficou mais quente e eu queria gritar. Implorar para alguém me matar
agora, antes que eu vivesse mais um momento com essa dor. Mas eu não
podia mover meus lábios. O peso ainda estava lá, me pressionando. Eu percebi
que não era a escuridão me segurando; era o meu corpo. Tão pesado.
Mantendo-me nas chamas que estavam mastigando o seu caminho para fora
do meu coração, espalhando uma dor inacreditável em meus ombros e
estomago, subindo queimando pela minha garganta, surrando o meu rosto.
Por que eu não podia me mover? Por que eu não podia gritar? Isso não fazia
parte das histórias.
Minha mente estava insuportavelmente limpa - afiada pela dor - e eu vi a
resposta tão rapidamente quanto eu pude formar as perguntas. A morfina. [...]
O fogo reduziu, concentrando-se dentro do único órgão humano que restava,
com uma explosão final, insuportável. A explosão foi respondida com uma
pancada de som profundo e oco. Meu coração vacilou duas vezes, e então
bateu calmamente só mais uma vez.
Não houve som algum. Nem respiração. Nem mesmo a minha. Por um
momento, a ausência da dor foi tudo que eu pude compreender. E então eu
abri meus olhos
e observei acima de mim, assombrada.
Tudo estava tão claro.
Exato. Definido.
Isabella Marie Swan - Amanhecer - Livro 3 - Capítulos 19 e 20.

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