sábado, 19 de março de 2011

Mulheres...


Mulheres, vamos deixar a hipocrisia de lado. Quando você está solteira, você deseja um namorado bacanérrimo, inveja todos os casais que vê pela frente, fica com um monte de caras cheirosos, deliciosos e canalhas (em sua opinião), sai pra lá cá com suas amigas malucas que obviamente te divertem e acaba (depois de quatro doses e mais) com um discurso manjado de como está difícil achar alguém legal para dividir a vida, dividir os medos o café da manhã, as contas e o tédio de domingo. E o blábláblá não acaba. Nós somos Poderosas evoluídas, revolucionárias, os pobres coitados são sempre culpados. E vamos descer a lenha tem que ser muito homem pra ficar com mulher como você, independente, linda, engraçada, com o texto forte, personalidade e corpão. Mentira minha? Tire a culpa da sua bolsa, jogue em cima do rapaz, cara paleozóico, que só quer uma figura dócil para afirma sua masculinidade, fazer bonito na frente dos outros e poder dispersar as outras lindas e interessantes que aparecem (logicamente, depois de beijar e iludir cada uma) com a frase mais usada no mundo “sabe o que é? eu tenho namorada”! “Hã?”, você pergunta incrédula. O canalha tem namorada. E você chora pelo babaca, diz que os homens são todos iguais, nunca mais vai se apaixonar de novo (mesmo que tenha um santo Antônio escondido em casa), se embola com namoros virtuais e não entende porque só atrai gente problemática. Você se reconheceu em alguma palavra até aqui? Sinto dizer, é a vida. Mas como o mundo dá voltas e um dia é da caça e o outro do caçador (obá!), certa hora todo esse material maravilhoso que você é se depara com uma pessoa incrível que te faz acreditar que amor não é marketing, nem invenção de Shakespeare. É você se sente abençoada, agradece aos céus por achar um cara tão sensível e vocês vivem felizes para sempre. Felizes e apaixonados até constatarem o obvio: ninguém é perfeito. Aí meu bem, começa um outro discurso. Nem melhor e nem pior, mas diferente. É reclamação que não acaba a velha saudade da vida louca, não louquíssima. É, você sente falta das suas amigas e das noites divertidas e vazias que vocês passavam (lógico que não eram vazias, vocês tinham umas ás outras!), sente falta de não ter pra quem ligar e dar explicação de onde você estava e pior: começa a achar graça naquele cara que você nunca achou a menor graça. Mentira minha? Pois é. Solteiros, casados, juntados, a questão não é o estado civil, mas a sensação que volta e meia volta: nunca estamos satisfeitos. A vida é feita de escolhas e em cada escolha há uma perda. E perder dói. Se você se sente plenamente realizado todos os dias com alguém que você convive há muito tempo (namoros a distância paixões tumultuadas não estão em questão). Parabéns, eu não conheço ninguém igual a você. Por que não é fácil ficar sozinha, não é fácil viver com alguém, mesmo que seja o grande amor da sua vida. Conviver é uma arte complicada: haja tolerância, paciência e jogo de cintura pra aguentar nossos defeitos e os do outro. Viver sozinho também não é mole: haja sabedoria para estar só e se sentir sempre em paz. Mas como nada é perfeito, penso que a única saída é aproveitar cada momento (independente do estado civil que você se encontra) e aceitar a realidade como um presente. Porque perfeito mesmo só imperfeição. Que faz ter sentido até o que não se explica.

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