terça-feira, 18 de novembro de 2014

Responsabilidade: Habilidade de resposta...

"Responsabilidade é nossa habilidade natural de gerar respostas para criar a nossa própria vida, sabendo que experimentaremos as consequências de nossas ações.” – Gasparetto.

Um dos grandes divisores entre o grupo de indivíduos que cresce na vida e o grupo que apenas existe, como um animal instintivo, é a coragem de assumir erros. De um lado, aquelas pessoas virtuosas que admitem seus próprios defeitos, sempre na busca sincera pela excelência, para melhorar. Do outro, aqueles fracos que necessitam de bodes expiatórios o tempo todo, que culpam o mundo ao redor pelos seus males, que se colocam como vítimas. Uns são agentes ativos na vida, os outros são passivos diante de tudo. A distinção entre ambos os grupos é gritante.

As ações humanas, por mais influenciadas que possam ser por fatores exógenos, são sempre individuais. Indivíduos agem. A responsabilidade, portanto, deve ser individual. Lembro que responsabilidade vem de habilidade de resposta, fazendo responsável pelo ato aquele que o praticou. Eximir um indivíduo da responsabilidade de seu ato é o caminho certo da desgraça. Pessoas fracassadas costumam sempre depositar a culpa dos seus erros nos outros, de preferência algo bem vago como sociedade, miséria, deus etc. Essas pessoas seriam apenas marionetes, executando ações sem qualquer livre arbítrio. Autômatos guiados por uma força oculta qualquer. Compram assim a tranquilidade de espírito, jogando para outros a culpa dos próprios erros. Jamais saem da completa mediocridade, no entanto.

Penso nessas coisas quando vejo que o julgamento da assassina dos próprios pais irá começar. A garota logo transfere para o ex-namorado a culpa do seu ato bárbaro. Usa a maconha como bode expiatório também. Ela não cometeu o frio e violento ato, segundo sua perspectiva. Foi “levada” a isso. E onde fica a responsabilidade individual?

Extrapolando essa característica para nações inteiras, vemos que os países miseráveis costumam sempre culpar bodes expiatórios externos pela sua desgraça. São sempre vítimas, transferindo a responsabilidade para outros agentes. A receita certa para se perpetuar a miséria.

O filósofo Schopenhauer já aconselhava nesse sentido: “Não devemos procurar desculpas, atenuar ou diminuir erros que foram manifestamente cometidos por nós, mas confessá-los e trazê-los, na sua grandeza, nitidamente diante dos olhos, a fim de poder tomar a decisão firme de evitá-los no futuro”. Um dos “pais fundadores” dos Estados Unidos, Benjamin Franklin, dizia que “os sábios aprendem com os erros dos outros e os ignorantes não aprendem nem com os próprios”. Esse foi um homem que buscou ser melhor a cada dia, sempre trazendo à tona seus próprios erros do passado, para com eles aprender.

O judeu Viktor Frankl, preso pelos nazistas, concluiu que “entre o estímulo e a resposta, o homem tem a liberdade de escolha”. Ele decidiu reagir da melhor forma possível diante daquela terrível situação. Não escolhemos tudo que se passa ao nosso redor, mas escolhemos como reagir a tais estímulos. E o nosso fracasso deve ser sempre uma lição. “Para os vencedores, os fracassos são uma inspiração; para os perdedores, o fracasso é uma derrota”, lembra Robert Kiyosaki. Uns ficam paralisados diante dos próprios erros, e logo partem para as tradicionais desculpas, jogando o problema para fora de si. Outros assumem a rédea da própria vida, entendendo que os erros devem ser enfrentados, assimilados e transformados em valiosas lições, para jamais serem repetidos. 

Afinal, as ações são individuais. A habilidade de responder por elas também. Liberdade individual só pode andar junto com responsabilidade individual. Quem foge desta, se afasta daquela. Só é livre quem assume a responsabilidade pelos seus atos, sem a busca constante por culpados exógenos.


Rodrigo Constantino.

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